Em um dos domingos no culto da congregação a qual eu faço parte, o bispo iniciou a sua fala lendo um texto bíblico e, ao discorrer sobre ele, falou algo muito curioso e que me instigou bastante.
“Alguns especialistas estão chamando esse tempo que estamos vivendo (de exaustão mental, sem forças para reverter), do nascimento de uma sociedade autista, auto erótica – uma mundo voltado para dentro de si; um mundo que não se comunica; um universo interno montado dentro de uma bolha, onde não há comunicação de um mundo interno com o outro”, explicou o bispo Renato Chaves.
Ao ouvir aquelas palavras, foi impossível não fazer uma análise minha imediata e, logo, a pergunta interna, “será que fiquei autista depois de adulta”?
Não tenho muita propriedade para discorrer sobre o assunto, mas fazendo algumas leituras e pesquisas sobre o tema, posso dizer que autismo – Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) – é uma condição de déficit no desenvolvimento do cérebro que afeta, diretamente, a capacidade de relacionamento do diagnosticado, com pessoas e ambiente em que vive e frequenta. Um transtorno que afeta o sistema nervoso e os sintomas mais comuns incluem, dificuldade de comunicação, dificuldade com interações sociais, comportamentos repetitivos, interesses restritos, resultando em um déficit na convivência. Por ser, também, considerado uma síndrome, é uma condição permanente, ou seja, não há cura, apenas gerenciamento e controle.
Geralmente, é na fase infantil que começam a ser observados os primeiros sinais dos sintomas do autismo, por volta dos 2 aos 6 anos de idade, quando a criança começa a ter maior interação com outras pessoas e a realizar tarefas mais complexas, podendo ser observados pelos familiares, amigos ou professores. É nessa fase que o cérebro realiza a maioria das ligações entre os neurônios, estabelecendo as condições para o desenvolvimento da criança.
Já nos casos de autismo em adultos, assim como no autismo em crianças, conectar-se com outras pessoas pode ser muito complicado. Do ponto de vista da socialização, os sintomas de autismo leve em adultos incluem: sentir desconforto ou estranheza na hora de dar ou receber carinho/afeto, não ficam à vontade com demonstrações de carinho, mesmo com aqueles de quem são próximos, são extremamente honestas com seus pensamentos e não percebem que podem chatear o outro.
Às vezes, a gente se sente “um estranho no mundo” e nem sabe o porquê. Em outros momentos, até se culpa por isso e a maior resistência em tudo isso é parar para se perceber, se examinar, tentar identificar onde está errado, o que incomoda, no que precisa de ajuda e, se precisar, procurar ajuda médica com profissional qualificado. Tanto para este tipo de doença, como para qualquer outro relacionada à mente. Pois, assim como o corpo físico adoece, a mente também, sendo este segundo caso, até mais perigoso, pois não vemos.
E pelo que pude perceber, lendo alguns artigos, penso que não exista a tese de que “virei” autista depois de adulto, mas, sim, uma criança que não foi diagnosticada à época. Não teve percebido, gerenciado e nem tratado o seu comportamento.
Alguns sinais de autismo em adultos, que muitas vezes passam despercebidos.
– Utilização de linguagem direta (jeito áspero de falar com as pessoas sem discernir os momentos ou o tom de voz);
– Pouca comunicação visual;
– Pouca ou nenhuma compreensão para situações que envolvam situações afetivas e emocionais;
– Sofrimento intenso com barulhos e ambientes agitados;
– Obsessão para seguir determinadas regras e tarefas;
– Irritação repentina quando algo sai da rotina (rigidez em costumes e hábitos);
– Hiperfoco em determinados assuntos e objetos;
Tratamento
O tratamento para autismo é personalizado e interdisciplinar, ou seja, além da psicologia, pacientes podem se beneficiar com intervenções de fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros profissionais, conforme a necessidade de cada autista. Na escola, um mediador pode trazer grandes benefícios, no aprendizado e na interação social.
Mas, a única forma para confirmar o diagnóstico de autismo é consultando um profissional especializado que participe do processo de diagnóstico. Isso permite pensar no transtorno para além de um fenômeno biológico, pensando também nas relações sociais e culturais.
P.S – o acolhimento é a “cura” para diversos males da mente e da alma.